As Praxes.
Nunca comprei traje académico. Lisboa não era em 1989 o que
eu sabia existir em Coimbra, pois por felicidade tive um cunhado e uma irmã que
me levavam à festa académica de Coimbra. Uma festa de gente feliz que respeitam
e se orgulham de fazer parte de um grupo académico. Tive um Padrinho e fui
praxada. Diverti-me. Nunca pensei muito nisso, apenas fazia parte. Ganhei bons
amigos, até hoje. Nada mais…
A Humilhação.
Haverá sempre gente, conhecidos por Os merdas, que vivem
à custa de outras gentes que algures no seu percurso de crescimento não lhe foi
ensinado que os limites ao respeito por nós próprios são base fundamental na
relação com os outros.
A História ensina-nos que os déspotas existem. Funcionam. Arno Gruen explica tudinho…
para quem tiver interesse em saber. Deixo uma dicas : “ser obediente significa ser bom, e ser bom significa ser responsável”.
Ser livre, no entanto, significa desobediência, e quem é desobediente provoca
desgosto e candidata-se a perder a proteção dos poderosos, ou a hipóteses de
participar do seu poder” ou “ A
fixação no poder e a necessidade doentia de ser poderoso fazem muitas vezes que
cheguem ao poder justamente aqueles cujo vazio interior é maior” ou ainda “é
de manipulação que se trata (…) convencer o parceiro de que agem, pensam e
sentem de uma forma adequada. São estas as pessoas que quero apresentar como as
realmente loucas entre nós” em A
Loucura da normalidade.
As generalizações.
Não as aceito. Temo-as. São geralmente úteis para este tipo
de gente. Há claramente exceções e miúdos com graça e respeito pelos outros no
caminho académico. Existem e podemos encontra-los em várias universidades deste
país.
O Meco e Portugal
Não eram crianças. Tinham 23, 24, 25…. O que se
passou talvez nem saberemos nunca. Mas se o caso foi a aceitação da humilhação
por parte dos mesmos com esta idade, talvez nos devamos questionar o que andamos
a ensinar aos nossos filhos. Há uma nação inteira a ser humilhada nos seus
direitos adquiridos e nós os séniores, adultos, maduros whatever …não estamos simplesmente a deixar que aconteça? Afinal o
que é o Meco? Não seremos todos nós? Todos os dias dizemos baixinho: “antes que me atinja a mim, o melhor é manter-me e fazer de conta… “
Não terá sido isto que os miúdos no Meco fizeram? Não
acredito que alguém goste de ser humilhado, mas o medo de ser rejeitado é
inevitavelmente maior.
E é aqui que nós, sociedade, devemos intervir. Aprender e ensinar
a viver com o facto de não sermos aceite, de sermos diferente, de pensarmos
diferente. Nas escolas, em casa, na família. Como parte curricular e obrigatória.
Não recear a rejeição, mas sim aceitá-la como parte da construção da nossa
individualidade. Qual a origem de não procurarmos legitimar a nossa verdade,
sem clonar a nossa identidade?
O Meco somos todos nós, em todas as vezes que nos traímos para agradar alguém.